O filme "O lucro acima da vida" terá uma programação em março e abril que incluem cidades de Porto Alegre, São Paulo e Minas Gerais. O filme quer reelembra a história de casos de contaminação da indústria química. Por causa de anos de contaminação por agrotóxicos, cerca de 70 ex-trabalhadores já morreram, a maioria, em decorrência do câncer.
O caso central do longa metragem é o de contaminação na fábrica da Shell de Paulínia. O filme mostra toda a luta dos ex-trabalhadores para conseguir levar o caso à justiça e ter o devido reconhecimento pelas autoridades competentes. O Caso Shell/ Basf tem a maior indenização por dano moral coletivo já determinada pela justiça brasileira. (R$200 milhões)
No elenco atores experientes como Aílton Graça, que interpreta a Xana Summer na novela Império, Zezé Motta e Pedro Pauleey que estão na novela Boogie Oogie também da Globo, Deo Garcez que fez novelas como o Cravo e a Rosa(Globo) e Escrava Isaura (Record), João Vitti que também atuou na novela o Cravo e a Rosa e na série Milagres de Jesus da Record, e Denis Derkian ator que atuou na Malhação e na novela Insensato Coração (Globo).
O filme foi rodado em locações nas cidades de Campinas e Paulínia e cerca de 100 ex- funcionários da Shell/Basf atuaram como figurantes. O papel principal é do ator Deo Garcez que já atuou em novelas da Rede Globo e Record. Ele interpreta o coordenador da Atesq, Associação dos Trabalhadores Expostos às Substâncias Químicas, entidade que junto com o Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas e região, encarou os 12 anos de batalha judicial.
João Vitti é quem interpreta o diretor do Sindicato dos Químicos Unificados, Arlei Medeiros. “Meu desejo é que esse filme, além de ser um brado contra a ganância desmedida, seja porta voz das vítimas do caso Shell”, disse. A direção é de Nic Nilson, jornalista e cineasta que já roteirizou e dirigiu vários filmes como Turma do Capi e Um Natal Diferente. “Vamos mostrar essa história pela lente de quem viveu, lutou e segue com uma vida transformada pela inconsequência dessas multinacionais que no exterior estavam proibidas de produzir os agrotóxicos que vieram manipular no nosso país”, lembra o diretor.
O longa foi produzido pela Atesq (Associação dos Trabalhadores expostos às substâncias químicas), Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas e região e a Fetquim (Federação dos Trabalhadores do ramo Químico do Estado de São Paulo.) A produção contou ainda com centenas de doações de pessoas sensibilizadas e envolvidas na causa para finalizar o projeto
Histórico:
-Em 1977 Shell inaugura fábrica de agrotóxicos no bairro Recanto dos Pássaros em Paulínia, interior de São Paulo.
- Por décadas os trabalhadores manusearam substâncias altamente tóxicas ao organismo humano, compostas por substâncias organocloradas com potencial cancerígeno, além de respirarem metais pesados e outros componentes químicos que eram queimados nas caldeiras da fábrica.
-Em 1995, parte da área é vendida para a empresa Cyanamid e a Shell reconhece a contaminação do solo e águas subterrâneas. Por causa disso, a Shell adquiriu todas as plantações de legumes e verduras das chácaras ao entorno e passou a fornecer água potável à população.
-Em 2000, a Basf compra a Cyanamid e mantém a mesma atividade industrial.
2001- Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas e região entra na justiça contra as empresas
- Em 2002 o Ministério do Trabalho e Emprego, em ação conjunta com o Ministério Público do Trabalho, interdita todas as atividades da fábrica.
- Em 2007 a Justiça do Trabalho de Paulínia condena as empresas a custearem o tratamento médico de todos os ex-trabalhadores, assim como de seus filhos, e a pagar uma indenização por danos morais no valor total de R$ 1,1 bilhão.
- O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região negou recurso impetrado pelas empresas Shell do Brasil e Basf S/A contra decisão em primeira instância que condena as multinacionais ao custeio de tratamento de saúde de ex-funcionários e ao pagamento de uma indenização bilionária por danos morais.
-O caso vai parar no Tribunal Superior do Trabalho em Brasília-DF.
-Em 2013 as negociações são retomadas e um acordo é firmado entre as empresas e os ex-trabalhadores.O acordo fixou o direito ao tratamento médico vitalício para 1058 ex-funcionários e dependentes, indenizações individuais e uma indenização por dano moral coletivo de R$ 200 milhões.