Negociações para o Acordo Global do Plástico dividem indústria e cientistas

Negociadores de todo o mundo estão reunidos no Canadá para a quarta e penúltima sessão de negociação de um tratado internacional vinculante que garanta o fim da poluição plástica. No Brasil a FETQUIM tem participado das conversas sobre a economia circular do plástico e alertado para os impactos da aprovação do PL 2524/22 do jeito que está.

A diretora-executiva de Promoção da Saúde da ONU no Brasil, Paula Johns, disse em entrevista à ONU News que o número de participantes da indústria neste encontro já é maior que o de cientistas.

Ela destacou a preocupação com a ausência de regras claras sobre conflito de interesses nas negociações.

Para Paula Johns, a presença da indústria em torno das negociações representa “um grande risco” de que o acordo não avance em metas claras para a redução da produção de plástico e tenha como foco apenas a gestão do lixo gerado. 

A diretora do ONU afirma que de todo o plástico que existe hoje no mundo, menos de 10% é reciclado. Além disso, uma quantidade muito grande nem sequer é reciclável.

“Além da questão ambiental tem toda a questão dos microplásticos e dos nano plásticos, que têm um forte impacto na saúde. Eles têm sido encontrados nas últimas pesquisas científicas, na placenta, no sangue humano. Existem vários disruptores endócrinos, todos os químicos que são utilizados ou que advém da produção do plástico. Então, obviamente, do ponto de vista da saúde, é ideal que a gente consiga lidar com isso”, alerta Paula Johns.

Após a rodada em Ottawa, o Comitê Intergovernamental de Negociação do tratado internacional sobre poluição plástica se reunirá em Busan, na República da Coreia, a partir de 25/11. Esta será a etapa final da negociação, que deverá ser seguida por uma conferência diplomática onde os chefes de Estado assinarão o acordo.

A FETQUIM alerta para a complexidade do tema, que gera impactos que vão da cesta básica, indústria metalúrgica até a construção civil. O problema da poluição causada pelo uso desenfreado de embalagens plásticas de uso único é urgente, mas está longe de se esgotar no atual PL2524/22. É preciso que todos os usuários e elos da cadeia do plástico sejam devidamente dimensionados, no Brasil e no mundo. Os impactos podem elevar os custos de produção, importação e fechamento de milhares de postos de trabalho.

Leia nota da FETQUIM sobre o PL 2524/22.