Fonte: Reuters do Brasil
Não muito tempo atrás, integrantes da indústria química brincavam sobre quando a próxima fábrica seria construída. A resposta, diziam as piadas, era "nunca".
Isso mudou radicalmente no ano passado, quando os preços baixos do gás natural nos Estados Unidos deram à indústria química da América do Norte uma ampla vantagem de custo sobre rivais europeias, visto que muitas delas utilizam o petróleo bruto como base para a produção.
O preço do etileno saltou 70 por cento nos últimos oito meses, de acordo com a newsletter PetroChem Wire. O etileno é a commodity mais básica da indústria química e é encontrado no plástico, na tinta, na cola e em dezenas de outros produtos. Ele pode ser comparado com o que a farinha é para uma padaria.
Agora, está ocorrendo um frenesi para construir novas fábricas químicas nos EUA, também chamadas de crackers, a fim de tirar vantagens dos preços.
"Estamos aproveitando essa imensa dádiva que foi nos dada com o gás de xisto", disse o presidente da Shell Oil, da Royal Dutch Shell, Marvin Odum, durante o Reuters Global Energy and Climate Summit nesta semana. " O mercado mudou rapidamente nos últimos anos, especialmente em termos de fornecimento".
A Shell e a Dow Chemical anunciaram planos no início deste ano de construir novas unidades. A LyondellBasell Industries disse recentemente que elevaria a eficiência de suas fábricas atuais de etileno.
A Fluor Corp, que fornece serviços de engenharia para muitas grandes companhias do setor de energia e da indústria química, disse que cinco de seus clientes estão considerando reabrir ou construir novas fábricas de etileno.
"O gás de xisto tem o potencial de modificar as coisas", disse o presidente de energia e de indústria química da Fluor, Peter Oosterveer, durante o Reuters Summit. "É um desenvolvimento realmente interessante".
A LyondellBasell vê o gás de xisto como uma "vantagem competitiva" nos EUA.
"Há espaço para a construção de diversos crackers nos EUA, e eles ainda serão lucrativos", disse o presidente-executivo da LuondellBasell, Jim Gallogly, no Reuters Summit. "A margem do etileno no mercado norte-americano é muito forte no momento."
Kathy Hall, da PetroChem Wire, vê a tendência como positiva para o setor e para a transparência em geral.
"O mercado de etileno nos EUA está passando por nada mais nada menos que uma revolução", disse.