Houve uma queda substantiva das aposentadorias das mulheres entre 2019 e 2020. As mulheres participavam com 40,5% do total das aposentadorias por tempo de contribuição em 2019, enquanto que entre os homens a participação era de 59,5%. Além do baque da pandemia, houve os reflexos da reforma previdenciária em que a participação das mulheres foi de 35,2% e para os homens de 64,8%. Esse impacto abrupto, segundo dados dos Boletins da Previdência, é ainda mais impactante nos números absolutos: Em 2019 houve 385 mil mulheres se aposentando por tempo de contribuição, e em 2020 foi de apenas 293 mil mulheres, uma queda de 100 mil aposentadorias.
Para Airton Cano, coordenador político da Fetquim-CUT, “o modelo perverso neoliberal e o atual governo autoritário com a reforma da previdência atacou principalmente as mulheres, os mais pobres com menos contribuições previdenciárias, jovens e trabalhadores menos qualificados. A mobilização dos trabalhadores deve continuar para que haja mais distribuição de renda, melhores salários e aposentadorias dignas.”
André Alves, secretário de Saúde da Fetquim, alerta que as regras da aposentadoria para as mulheres pioraram muito. "As mulheres em vez de aposentar com 30 anos de contribuição de idade precisam esperar muito mais tempo para se aposentar, até os 62 anos e além das regras da transição da reforma também que precisam esperar mais para poder ter uma aposentadoria digna".
"A reforma da Previdência trouxe consigo um agravo exigindo mais tempo de contribuição para tentar ter uma condição melhor. Parte das 100 mil mulheres que não conseguiram se aposentar são por causa da piora das novas regras. As mulheres devem continuar trabalhando pois são arrimo de família, são pai e mãe dos filhos, e devem continuar mais tempo nas fábricas. E sem falar daquelas mulheres que morreram em plena pandemia e que não conseguiram se aposentar. Parte do impedimento da aposentadoria das mulheres decorre desse governo que tem atacado as mulheres, não tem protegido as famílias frente à pandemia, e tem se recusado acelerar a compra da vacina, e prejudicado principalmente as mulheres”, reforça Alves.
Época de ouro com Lula e Dilma
Com as políticas de desenvolvimento econômico combinadas com políticas de proteção social nos governos Lula e Dilma um contingente enorme de pessoas conseguiu se aposentar.
Entre 2003 a 2014 houve a geração de 20 milhões de postos de trabalho formais, e isso contribuiu muito para que as mulheres pudessem conseguir se aposentar por tempo de contribuição, devido esse período de ouro de geração de empregos de um governo desenvolvimentista democrático popular.
Analisando os dados do Ministério da Economia, Boletins da Previdência e FIPE, a assessoria de Previdência e Saúde da Fetquim constatou que houve mais oportunidades também em todo esse período a partir de 2003 até 2014 porque as mulheres puderam também ter mais oportunidades na educação com a implantação de novas universidades públicas, Escolas técnicas federais, o Prouni (Universidade para todos) e o FIES, e com isso conseguiram se manter por mais tempo no emprego, e conseguindo se aposentar mais.
Estudo da FIPE, publicado pelo pesquisador Rogério Nagamini do IPEA, mostrou que a maior participação das mulheres no mercado de trabalho subia gradualmente devido a melhoria da escolaridade e houve uma interrupção abrupta desse avanço em 2020 ( Valor Econômico, 11/05/21).
Fonte: Brasil de Fato, Valor Econômico, Assessoria de Saúde e Previdência da Fetquim e Direção da Fetquim.