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24 de Outubro de 2019

Fetquim recebe delegação de sindicalistas chineses


Escrito por: Fetquim


Fetquim

Uma delegação de sindicalistas chineses da província de Hubei, no centro do país, esteve na última quarta-feira (23/10) na sede da Fetquim, ao lado de dirigentes da Intersindical.

O encontro teve como objetivo trocar experiências sobre a situação da classe trabalhadora e dos sindicatos nos dois países.

A região de Hubei, localizada no centro da China, é precursora do movimento sindical chinês e conhecida internacionalmente pela Barragem de Três Gargantas, onde foi construída a maior usina hidrelétrica do mundo. Lá o primeiro sindicato foi aberto em 1926.

Hubei possui uma significativa produção industrial metalúrgica, automotiva e de produtos de alta tecnologia. Todos os sindicatos são ligados ao Partido Comunista. A organização sindical existe por cidade com 88 ramos diferentes de atividades, além do sindicato por província (equivalente aos nossos estados) e uma central geral. No total são 14 milhões de associados.

Airton Cano, coordenador político da Fetquim, deu boas vindas à delegação de sindicalistas chineses e explicou o protagonismo da Fetquim como exemplo de unidade e boa convivência entre três centrais sindicais distintas, CUT, Intersindical e Conlutas.

Confira as principais trocas de experiências do encontro:

Políticas para homens e mulheres

Ao serem questionados sobre a questão da paridade entre homens e mulheres pela secretária de Comunicação da Fetquim e dirigente do Sindicato dos Químicos Unificados, Nilza Pereira, os chineses expressaram, com orgulho, que em cada departamento sindical municipal, estadual (da província) ou nacional há pelo menos uma mulher trabalhando. 

Ao saberem que no Brasil existe um esforço, especialmente na CUT e na Intersindical para compor 30% de mulheres na direção nacional, eles silenciosamente se surpreenderam.
Liu Jianyu, vice-presidente da Federação de Sindicatos da Província de Hubei, foi o porta-voz da delegação, formada por seis integrantes, sendo uma mulher.

Sindicato assistencialista

A adesão ao sindicato na China tem que ser feito de forma espontânea. Os associados pagam 2% do salário mensal para o sindicato e a empresa contribui com outros 2%.

De acordo com a delegação, o sindicato auxilia as pessoas em suas necessidades, ministra cursos profissionalizantes, promove esportes, fornece tratamento médico, seguro desemprego e doações de alimentos a quem precisa.

Salário mínimo/piso por categoria

Existe o salário mínimo de acordo com a economia de cada local, se é na cidade ou interior. O piso dos ramos de atividade também varia de acordo com a atividade econômica de cada região.

Aposentadoria

Todos os trabalhadores contribuem com a aposentadoria. Idade mínima para homens é de 60 anos e para as mulheres é de 55 anos, com 15 anos mínimos de contribuição. No caso de  quem trabalha com áreas de risco e insalubridade a idade mínima é reduzida para 55 anos no caso dos homens e 50 no caso das mulheres.

Leis trabalhistas

Liu Jianyu explicou que as leis trabalhistas começam a ser criadas agora na China e que recentemente começaram a implantar férias remuneradas.

Indagados sobre se as férias não existiam antes, os sindicalistas silenciaram, dizendo que existia informalmente em algumas fábricas.

Segundo ele, a China cresce porque o país e os trabalhadores estão crescendo juntos, o que justifica o salto econômico.

Jornada de trabalho

Em geral são oito horas de trabalho por dia de segunda à sexta, a depender da atividade. Feriados e eventos nacionais pagam o dobro ou o triplo. Mulheres grávidas ou lactantes recebem um percentual a mais nos salários.

Greve

Um dos princípios da filosofia chinesa é o estabelecimento da ordem e da harmonia, por isso, greve, só em casos extremos. O diálogo é considerado o caminho do meio, o mais sábio e inteligente para equilibrar demandas dos dois lados.

Sindicalistas

A delegação de sindicalistas chineses estava curiosa para saber se os dirigentes sindicais no Brasil recebiam remuneração extra.

Edson Carneiro Índio, secretário-geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora, explicou que na Intersindical não há isso, os dirigentes recebem o salário das empresas na qual trabalham e são liberados para a atividade sindical, mas admitiu que tal política depende de cada central e que há centrais brasileiras cujos dirigentes sindicais recebem, sim, remunerações adicionais.

Na China, os sindicalistas profissionais recebem sim, remuneração adicional.