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22 de Janeiro de 2020

Entidades e líderes repudiam ataque contra Glenn e liberdade de imprensa


Escrito por: Agências


Agências
Crédito: REPRODUÇÃO/TWITTER/PAULO PIMENTA

O Ministério Público Federal, por meio do procurador da República Wellington Divino Marques de Oliveira, denunciou na terça-feira (21) o jornalista Glenn Greenwald por crimes relacionados à invasão de celulares de autoridades. O jornalista foi responsável por reportar, inicialmente, o escândalo conhecido como Vaza Jato, que revelou articulações desonestas entre juízes – notadamente o ministro Sergio Moro – membros do MPF e jornalistas. A ação do procurador foi recebida por muitos como ataque à liberdade de imprensa e à Constituição.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiou o ataque contra a liberdade de imprensa. “Lamentavelmente, o MPF ignora a Constituição Brasileira, que assegura a liberdade de imprensa. Ignora também decisão de 2019 do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou que o jornalista não fosse investigado no âmbito da Operação Spoofing, da Polícia Federal, destinada a investigar invasões de celulares de autoridades”, disse em nota.

Mesmo as mensagens que incriminam Moro e membros bolsonaristas do Judiciário sendo fruto de uma ação de hackers, Glenn, como jornalista, possui direito (e dever) de trazer à tona. “A Fenaj reitera que o jornalista cumpriu seu dever profissional de divulgar informações de interesse público, ao noticiar, por meio do site The Intercept Brasil, diálogos do então juiz federal Sergio Moro, atual ministro da Justiça, e procuradores do MPF que atuavam na força-tarefa denominada Lava Jato.”

Outra entidade representativa dos jornalistas, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), também se manifestou. “A denúncia, inteiramente inepta, representa um atentado à Constituição brasileira, um desrespeito ao STF e à Polícia Federal, bem como uma tentativa grotesca de manipulação, para tentar condenar o jornalista. A ABI conclama a Justiça federal a rejeitar a denúncia contra Glenn Greenwald, da mesma forma que negou, recentemente, a acusação contra o presidente do Conselho Federal da OAB, Felipe Santa Cruz, por coincidência, feita pelo mesmo procurador.”

Outras repercussões

O ataque contra Glenn foi recebido com repúdio por políticos, mesmo entre orientações políticas diversas. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), divulgou uma notícia que informa que a Polícia Federal não vê indícios de crime por parte de Glenn e disse: “A denúncia contra o jornalista é uma ameaça à liberdade de imprensa. Jornalismo não é crime. Sem jornalismo não há democracia”.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se somou à defesa da liberdade de imprensa. “Minha solidariedade ao jornalista Glenn Greenwald, vítima de mais um evidente abuso de autoridade contra a liberdade de imprensa e a democracia”, escreveu em suas redes sociais.

A ex-presidenta, Dilma Rousseff, declarou: “A denúncia do MPF contra Glenn é um grave atentado à liberdade de imprensa. É inadmissível num país democrático, sendo também uma clara afronta à liminar em sentido contrário concedida pelo STF. Se um jornalista é perseguido por cumprir seu dever, a democracia está fortemente ameaçada”, disse.