O presidente do Deutsche Bank, Josef Ackermann, disse numa entrevista à Der Spiegel que a atual volatilidade dos mercados “lembra os dias que precederam o colapso do banco Lehman Brothers”. O mini-crash das bolsas de valores europeias desta segunda-feira veio ilustrar a dita “volatilidade”: a bolsa de Frankfurt perdeu 5,28%, a de Londres 3,58%, a de Lisboa 2,82%. Os bancos foram particularmente castigados nas bolsas: as ações do Royal Bank of Scotland Group caítam 12%, as do Deutsche Bank perderam 8,9%, mesmo índice da queda das acções do Société Générale. O Barclays caiu 6,7% e o HSBC Holdings 3,8%.
As declarações durante o fim-de-semana de autoridades financeiras em nada contribuíram para desanuviar o horizonte de agravamento da crise.
No sábado, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, anunciava que o mundo entrou numa “nova zona de perigo”. No domingo, foi a vez de a diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, alertar para o risco de uma recessão global "iminente".
Sexta-feira, ficou-se sabendo que a criação de novos empregos nos Estados Unidos em agosto foi zero.
Itália na berlinda
Também a crise da dívida parece não dar tréguas. O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, anunciou que, na semana passada, aquela instituição investiu 13,305 bilhões de euros na aquisição de dívida soberana dos países da zona euro, duplicando a compra destes títulos em relação à semana anterior. Segundo analistas ouvidos pelo El País, as compras do BCE ter-se-iam centrado na aquisição de títulos das dívidas de Espanha e Itália.
Apesar disso, os títulos da dívida italiana voltaram a crescer pelo 11º dia consecutivo, negociando os bônus a dez anos a juros de 5,55%.
A chanceler alemã, Angela Merkel teria dito a deputados do seu partido que as situações da Grécia e de Itália são "extremamente frágeis". Já presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou que "os mercados vêem que há problemas na aplicação dos planos de ajustamento na Grécia e Itália" e que, por isso, "a Europa deve aumentar a pressão para que levem a cabo as medidas que desenharam". Recorde-se que a Itália tem a 8ª maior economia do mundo.
Trichet, por seu lado, instou os países do euro a aplicar o quanto antes as medidas de ajuda aos Estados-membros com problemas de dívida, e pediu que avance a integração econômica e que se incentive o crescimento e o emprego.
Só o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, manteve o tom otimista, afirmando que a zona Euro registará nos próximos meses um crescimento econômico moderado: "Não antecipamos uma recessão na Europa", afirmou, na Austrália.