A Corteva Agriscience, divisão agrícola da multinacional americana DowDupont que inclui negócio de agrotóxicos e sementes, vislumbra alcançar a liderança do segmento no Brasil nos próximos anos, segundo reportyagem do Valor Econômicopublicada em 23/07/18. "Estamos entre as três maiores do Brasil no segmento agrícola. Se todos os anos, continuarmos crescendo alguns pontos acima da média poderemos galgar a liderança", disse Roberto Hun, presidente da Corteva no Brasil e Paraguai, a jornalistas durante o Global Agribusiness Forum.
Segundo ele, a partir de 3 de junho do ano que vem, a Corteva passará a ser uma empresa totalmente independente, com resultados separados das outras divisões da DowDupont.
O vice-presidente global de proteção de cultivos da Corteva, Rajan Gajaria, disse que a divisão da DowDupont fatura no mundo cerca de US$ 15 bilhões e há grandes oportunidades de crescimento na América Latina nos próximos cinco anos. "A América Latina representa cerca de US$ 3 bilhões, e o Brasil é o maior país nessa região, com 25 unidades em todo o país", disse ele. O mercado global de agrotóxicos e sementes soma US$ 100 bilhões, segundo ele. A participação no Brasil, considerando todos os negócios da Corteva, é de 12%.
"No mundo, em defensivos agrícolas, estaremos entre as três maiores. Em sementes, queremos ampliar o negócio de milho e ser a liderança global em milho", disse Gajaria, acrescentando, que o mais importante é observar como avançará o lucro e rentabilidade da empresa nos próximos anos.
Globalmente, a Corteva investe cerca de 10% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento e, segundo os executivos, essa proporção vai se manter. No Brasil, afirmou Hun, a Corteva investiu US$ 500 milhões nos últimos 10 anos. "Mas é importante dizer que para colocar uma nova molécula no mercado, gastamos US$ 250 milhões. Esse montante é investido globalmente, mas o foco de muitos produtos é o Brasil", completou Gajaria, ressaltando a importância do país para a empresa. O Brasil é o segundo maior mercado para a Corteva, atrás apenas dos EUA.
Para Roberto Hun, a demanda por insumos deve crescer na safra 2018/19 graças ao aumento da área de plantio. Ele prevê incremento entre 3% e 5% na área de soja no país e queda no plantio de milho de verão, que deve ser compensada por avanço da área do cereal na safrinha. "Acredito em aumento de utilização de sementes e defensivos, sem levar em conta a questão dos estoques", disse.
No ano passado, o mercado de agrotóxicos foi afetado por um volume elevado de estoques no canal de distribuição, o que reduziu as vendas da indústria. Em 2017, conforme o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), a receita do segmento caiu 7% no país, para US$ 9 bilhões. Fontes do setor estimam que as vendas tenham alcançado US$ 10 bilhões, sendo US$ 1 bilhão referentes a produtos parados na distribuição.
Para Hun, o Brasil ainda pode se beneficiar da guerra comercial entre EUA e China. "A situação está favorável ao produtor brasileiro, houve compensação da queda [dos preços] em Chicago com o prêmio local [sobre a soja no porto]. Mas é preciso diminuir as incertezas no médio e longo prazos. Só podemos defender a abertura de mercados para atender essa demanda mundial de alimentos ao redor do mundo", disse.