As ações fazem parte de uma campanha permanente lançada pelas entidades sindicais neste mês contra a reforma pronetida pelo novo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que, ao lado do economista Paulo Guedes, pretende mudar as regras da aposentadoria dos trabalhadores brasileiros.
A primeira iniciativa das entidades se dará em 22 de novembro, quando ocorrerá o Dia Nacional de Mobilização, com protestos, panfletagem de materiais, diálogo nas ruas com a população e assembleias nos locais de trabalho.
As centrais lembram que a medida defendida por Bolsonaro e seus apoiadores é o da capitalização com contas individuais, que substituiria o atual sistema de repartição, financiado de modo tripartite, ou seja, que conta hoje com a participação do Estado, empresas e trabalhadores.
As entidades sindicais ressaltam que a proposta de reforma da Previdência de Bolsonaro, que será apresentada em 2019, deve ser mais dura do que a do governo Temer. Em suma, os trabalhadores vão se aposentar com um valor inferior ao salário mínimo e, ainda, terão de contribuir por mais tempo. E, neste modelo, serão os bancos, seguradoras e até fundos de pensão de estatais que irão administrar - da forma como acharem melhor - a poupança individual dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Como alerta o secretário-geral da CUT São Paulo, João Cayres, a proposta do novo governo eleito deve ser encaminhada, como foi com Temer, sem diálogo com a população e o movimento sindical. Além disso, destaca o dirigente, é preciso lembrar que modelos semelhantes de capitalização já foram aplicados em outros países do mundo.
“Faz 37 anos que o Chile colocou em vigor a proposta de capitalização, sem proteção alguma do Estado. Esse modelo implementado pela ditadura de Pinochet fracassou e hoje a população vive numa situação trágica, com aposentadorias desumanas”, afirma Cayres.
Dados da Superintendencia de Pensiones de Chile comprovam a afirmação de Cayres. Hoje, trabalhadores que se aposentam com R$ 2.635, por exemplo, recebem entre R$660 (mulheres) e R$ 870 (homens), o que representa menos da metade do salário mínimo chileno.
Outros países também passam por situação semelhante, como a Argentina e o México. “Não vamos permitir que um modelo que atende apenas aos interesses privados, dos bancos e dos empresários, seja instalado no Brasil de cima pra baixo. Isso representará o fim do direito dos trabalhadores se aposentarem com dignidade”, conclui o dirigente.