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30 de Outubro de 2019

Bolsonaro perde a linha e ameaça concessão da Globo


Escrito por: Agências


Agências

Após reportagem da TV Globo, que diz que o porteiro do condomínio do presidente da República, Jair Bolsonaro, disse em depoimento à polícia que um dos suspeitos de assassinar a vereadora Marielle Franco (PSOL) teria ido no dia do crime para o condomínio do presidente, o mandatário entrou ao vivo no Facebook e de forma muito exaltada deixou em dúvida a concessão da emissora, que terá que ser renovada em 2022.

Como de praxe, Bolsonaro perdeu a linha e usou palavras como "patifaria", "não tem vergonha na cara", "porra", "patifes", "canalhas", "imprensa porca", "jornalismo podre", "nojenta", "imoral" para xingar a Globo. Depois relembrou que seus filhos e parentes são investigados pela Justiça e afirmou que quer ver o delegado que conduz o caso da vereadora e olhar no olho dele, além de ter o desejo de federalizar as investigações da morte de Marielle.

A reportagem

O Jornal Nacional, da TV Globo, teve acesso, com exclusividade, a registros da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, onde mora o principal suspeito de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa – trata-se do mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem casa e onde ele morava antes de se tornar presidente.

O porteiro contou à polícia que, horas antes do assassinato, em 14 de março de 2018, o outro suspeito do crime, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. Mas os registros de presença da Câmara dos Deputados mostram que Bolsonaro estava em Brasília no dia.

Como houve citação ao nome do presidente, a lei obriga que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a situação.

No dia do crime, o porteiro trabalhava na guarita que controla os acessos ao condomínio. Às 17h10 da data do crime, ele escreve no livro de visitantes o nome de quem entra, Élcio, o carro, um Logan, a placa, AGH 8202, e a casa que o visitante iria, a de número 58.

Élcio é acusado pela polícia de ser o motorista do carro usado no crime.

O Jornal Nacional apurou o teor de suas declarações. O porteiro contou que, depois que Élcio se identificou na portaria e disse que iria pra casa 58, ligou para a casa 58 para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar.

Disse também que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do "Seu Jair" – ele confirmou isso nos dois depoimentos.

No registro geral de imóveis, consta que a casa 58 pertence a Jair Messias Bolsonaro. O presidente também é dono da casa 36, onde vive um dos filhos dele, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC).