Dados Gerais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE, compilados sob assessoria do Dieese e Fetquim:
• O número de pessoas desocupadas cresceu de 12,3 milhões (dez/jan/fev) para 12,7 milhões (mar/abr/mai), mais 367 mil trabalhadores e trabalhadoras.️ A taxa de desocupação cresceu de 11,6% para 12,9%, comparando o mesmo período.
• A população ocupada (85,9 milhões) caiu 8,3% (7,8 milhões de pessoas a menos) em relação ao trimestre anterior e de 7,5% (7,0 milhões de pessoas a menos) em relação ao mesmo trimestre de 2019. Ambas as quedas foram recordes da série histórica.
• A população subutilizada (30,4 milhões de pessoas) foi recorde da série, crescendo 13,4%, (3,6 milhões de pessoas a mais), frente ao trimestre anterior (26,8 milhões) e 6,5% (1,8 milhão de pessoas a mais) frente a igual período de 2019 (28,5 milhões de pessoas).
• O percentual de desalentados em relação à população na força de trabalho ou desalentada (5,2%) também foi recorde, registrando alta de 1,0 p.p. em relação ao trimestre anterior (4,2%) e de 0,8 p.p. na comparação com o mesmo trimestre de
2019 (4,4%).
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Estatísticas Mensais do Emprego Formal do Novo Caged
De acordo com o Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o emprego celetista no Brasil apresentou retração em maio de 2020, registrando saldo negativo de -331.901 postos de trabalho. Esse resultado decorreu de 703.921 admissões e de 1.035.822 desligamentos. No acumulado do ano de 2020, foi registrado saldo de -1.144.875 empregos, decorrente de 5.766.174 admissões e de 6.911.049 desligamentos. Somente o setor industrial, somando extrativa e de transformação, foi responsável pelo fechamento de mais de 236 mil postos de trabalho no ano.
No gráfico abaixo, verifica-se a evolução mês a mês da movimentação do emprego no Brasil. Nota-se saldo negativo a partir do mês de março, ou seja, os dados revelam os impactos da pandemia do COVID-19 no mercado formal. Considerando, os
últimos três meses o número de postos de trabalho fechados quase 1,5 milhão de vagas, sendo 337 mil apenas na indústria.
O estado de São Paulo, por sua vez, fechou 339,5 postos de trabalho no acumulado até maio. Nos meses de janeiro e fevereiro apresentou abertura de 120,6 mil postos de trabalho e nos meses seguintes, pós pandemia, 460 mil postos fechados. Somente a indústria de transformação fechou no ano, até maio, 65 mil vagas.
Antes de analisar dados do Ramo Químico, no entanto, vale ressaltar algumas informações conjunturais:
• O PIB Brasileiro tem perspectiva de queda de 9%, setores ligados a indústria metalúrgica e construção civil afetam drasticamente setores do ramo químico;
• A inflação segue em patamares baixos. Nos meses de abril e maio apresentou resultado negativo e para junho leve alta. No acumulado dos 12 meses, o INPC apresentou variação de 2,35%, consequência da paralisia da economia com a queda da demanda agravada por conta do novo coronavírus;
• O dólar acumulou alta de 35,66% no primeiro semestre - o avanço mais intenso para a primeira metade do ano desde 1999, quando subiu 45,11% no processo de maxidesvalorização do real durante a transição para o regime de câmbio flutuante. A estimativa para o dólar é de R$ 5,20 para este ano, o real foi a segunda moeda que mais desvalorizou em 2020;
• Setor químico para fins industriais: a crise imposta pela covid-19 afetou o consumo de produtos químicos de uso industrial no Brasil, mas não conteve o avanço contínuo das importações sobre o mercado cada vez menor atendido pela produção nacional. O maior excedente de químicos no mercado internacional e a queda dos preços, na esteira do menor consumo global com a pandemia, resultaram em aumento das importações em volume. Nos seis primeiros meses do ano, as importações de produtos químicos somaram US$ 19,6 bilhões, com queda de 4,1%, enquanto as exportações recuaram 11,7%, para US$ 5,6 bilhões. Em volume, porém, a movimentação foi recorde tanto do lado das importações, com 22,9 milhões de toneladas no semestre, quanto das exportações, com 7,7 milhões de toneladas. Na comparação com o mesmo período do ano passado, os avanços foram de 11,6% e 16,4%, respectivamente.
Em maio de 2020, o índice de utilização da capacidade instalada foi de apenas 61%, o mais baixo resultado da série histórica apurada pela ABIQUIM;
• Plástico: Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) infirmou que houve queda de 40% na produção do setor em abril. Enquanto os transformadores cujos negócios estão mais expostos ao setor automotivo ou à construção civil sentiram fortemente o baque da crise, empresas que fornecem produtos plásticos para a área de saúde e descartáveis verificaram aquecimento da demanda. Pequenas e médias empresas, que formam uma parcela importante do setor de plásticos, são as que mais sofrem com a falta de acesso ao crédito e os bancos públicos. A produção física industrial do setor plástico e borracha caiu 17% em abril (variação percentual acumulada nos últimos 12 meses comparada com igual período do ano anterior);
• Os dados da indústria farmacêutica para o acumulado dos últimos 12 meses (junho/2019 até maio/2020), ou seja, inclui três meses de pandemia apresentam crescimento na venda de unidades (+4,20%) e em valores em reais (+4,04%).
Dados preliminares que indicam que a indústria farmacêutica mantém crescimento nas vendas.
A movimentação do emprego no Ramo Químico
O trabalho formal no Ramo Químico, de maneira geral, acompanhou a mesma trajetória do mercado formal geral, isto é, impacto negativo a partir de março quando há o decreto da pandemia e do estado de calamidade pública.
Apesar do resultado acumulado demonstrar o fechamento de mais de 12 mil posto de trabalho no período, o saldo dos últimos três, já sob efeito da pandemia, o fechamento ultrapassa 21,4 mil vagas. Somente o setor plástico, o mais afetado por se tratar de um setor com predominância de micro e pequenas empresas e intensivo em mão de obra, fechou 19 mil vagas de março a maio. Para o Estado São Paulo, onde há maior concentração de empresas e empregos do Ramo Químico, o resultado não é diferente.
Nota-se duas situações distintas, isto é, setores altamente prejudicados pela pandemia e setores imunes. O setor plástico, por exemplo, fechou mais de 8 mil vagas nos últimos de março a maio, os químicos para fins industriais (inclui químicos gerais) perdeu 1 mil vagas e os setores de Hig. Pessoal, Perf. E Cosméticos (-582 postos) e Tintas (-542 postos) também fecharam postos de trabalho.
Por outro lado, setores ligados ao agronegócio, como o de fabricação de adubos e fertilizantes e agrotóxicos, seguem contratando (+430 vagas no ano, sendo 366 vagas entre março e maio). Outro setor que segue ampliando o número de postos de trabalho é a indústria farmacêutica. No ano aumentou em 1.254 vagas, sendo 611 no período pós pandemia.
Vale ressaltar que há dificuldade em medir os impactos da MP 936/2020, que trata da suspensão e redução de jornada de trabalho, sobre os empregos no ramo, apesar de ter sido um mecanismo amplamente utilizado.
Ao analisar os números por base de representação sindical, percebe-se que a maior parte das vagas fechadas estão em cidades não representadas por sindicato filiados a Fetquim.