Acidente grave na Adelbras expõe risco diário enfrentado por químicos

O incêndio na indústria fabricante de produtos adesivos Aldelbras, no Parque Industrial de Vinhedo (SP), que feriu ao menos 12 pessoas na manhã de quarta-feira (25), deixando  dois mortos e três em estado grave, expõe a extrema vulnerabilidade que a categoria química tem enfrentado nesses últimos anos.

Com o desmonte do Ministério do Trabalho no governo Bolsonaro – em reestruturação pelo recém- empossado ministro Luiz Marinho – não há fiscais na ativa, como no passado.

Restará crer nos documentos sobre saúde e segurança do trabalho que a empresa terá de apresentar e entrar com representação no Ministério Público e no Ministério Público do Trabalho.

“É preciso averiguar o cumprimento do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), das Normas Regulamentadoras, avaliar risco de armazenamento de produtos inflamáveis voláteis (NR 9), verificar as máquinas, uma vez que pontos quentes que são propagadores de incêndios e explosões devem ser evitados e protegidos (NR12), os tanques de armazenamento de produtos químicos, observar se estão adequados (NR13), se a distância entre os produtos foi respeitada e se foi feita a inspeção de segurança periódica”, explica André Alves, secretário de Saúde da FETQUIM.

Trabalhadores informaram em condição de anonimato ao Sindicato dos Químicos de Vinhedo que houve vazamento de substâncias químicas no local de armazenamento de solventes e produtos químicos.

“A direção da empresa tem uma prática recorrente de desrespeito aos trabalhadores e trabalhadoras e fugiu de apresentar as devidas informações ao nosso sindicato”, afirma Thiago Rodrigues Henrique, diretor do Sindicato dos Químicos de Vinhedo.

O processo de preparo de colas para fitas adesivas envolve vários solventes extremamente inflamáveis e este preparo deve ser feito em locais abertos ou muito ventilados.

A Adelbras ocupa uma área de cerca de 20 mil m² e tem como foco a produção de fitas crepe, fitas adesivas e acessórios para os principais segmentos de construção, automotivo, de embalagens, papelaria e industrial.

A FETQUIM se solidariza com os trabalhadores e trabalhadoras da Adelbras, suas famílias e acompanhará de perto a responsabilização dos responsáveis.