Os desafios contra o agronegócio que só escraviza, polui o meio ambiente e lucra com venenos e doenças que ele mesmo produz foram debatidos durante o 1º Festival de Agroecologia e Agroturismo do Leste Paulista – uma realização do Sindicato dos Químicos Unificados em parceria com a Rede Livres Produtos do Bem, a Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região (ANC), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Intersindical Central da Classe Trabalhadora e a Fetquim/CUT, entre outros parceiros.
Com o sucesso do evento, realizado nos dias 1º e 2 de dezembro no Cefol, em Campinas, os organizadores já começam a preparar a segunda edição, que ocorrerá provavelmente em outubro de 2019.
“Precisamos de parceiros para realizar este evento todos os anos e ocupar este espaço. Este local é dos Químicos Unificados, aprendemos a importância da luta contra os agrotóxicos porque nestes 13 anos de luta no caso Shell/Basf perdemos mais de 100 companheiros e conquistamos a maior indenização trabalhista da história do Brasil. Agroecologia é resistência e o desafio dos pequenos produtores é ocupar espaço e ter viabilidade financeira, este festival é só o primeiro”, garantiu Arlei Medeiros, dos Químicos Unificados e da Fetquim.
João Canuto, vice-presidente da Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região e pesquisador da Embrapa, parabenizou os organizadores por se tratar de um festival e não de um congresso científico. “Precisamos de parcerias amplas com a sociedade para popularizar os conceitos básicos da agroecologia para que o cidadão saiba de onde vem a comida dele, quais os processos estão embutidos. Este evento, com trilhas, feira, oficinas, troca de experiências e show... isso aproxima o pessoal da agroecologia. Esta agricultura do agronegócio não tem futuro nem para o capitalismo no longo prazo. Temos que repensar e isso começa agora”.
Gilmar Mauro, do MST, elogiou a iniciativa e reforçou que “não dá para separar luta sindical de luta econômica e política se queremos ter outros paradigmas de sociedade”. “Falar de agroecologia e novos paradigmas de produção é falar desta lógica econômica destrutiva capitalista que só produz prejuízos ambientais e sociais. Temos que plantar, no agir aqui e agora, para colher no futuro”.
José Maria Gusman, pesquisador convidado da Unicamp, enfatizou que há uma revolução silenciosa acontecendo no campo, por parte de pequenos agricultores que já perderam seus parentes e sua saúde para os agrotóxicos e que sentem a perversidade do sistema que vende as sementes e os herbicidas em conjunto, esteriliza a terra, deixa os produtores reféns de seus produtos e depois vende remédios.
“A proposta da agrofloresta e agroecologia são importantes pois garantem a nossa soberania alimentar”, explicou.
Serra dos Cocais
O festival foi realizado no Cefol, que se localiza na Serra dos Cocais – uma importante área ambiental que precisa ser protegida da especulação imobiliária. Ali, córregos e mata formam uma reserva de água responsável por 50% do abastecimento das cidades de Valinhos e Vinhedo.
O público pôde percorrer duas trilhas na mata próxima ao Cefol e ainda realizar o plantio de mudas nativas e frutíferas em uma área que futuramente se transformará em uma agrofloresta.
Além de disponibilizar um espaço de formação, exposição e troca de conhecimento com as mesas de debate e nove oficinas, o festival contou com um show de Pereira da Viola.