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28 de Setembro de 2018

Monsanto estava envolvida em estudo que defende Round Up


Escrito por: Agências


Agências

Uma revista acadêmica acaba de declarar que a Monsanto apresentou um estudo científico, com autores não identificados, concluindo que o herbicida Round Up - que hoje enfrenta centenas de processos nos EUA por causar câncer - era seguro.

A Monsanto, que agora faz parte da Bayer, enfrenta litígios de mais de 9.500 pessoas nos EUA, a maioria agricultores, que culpam a exposição ao glifosato por linfomas não Hodgkin. O próximo julgamento pode ocorrer entre dezembro e fevereiro.

As acusações de que a Monsanto escreveu literatura científica sem se identificar para rebater as alegações de que um dos principais compostos químicos do Roundup provoca câncer, e e-mails que as respaldam, surgiram no primeiro julgamento a respeito do herbicida, que resultou em um veredicto de US$ 289 milhões contra a empresa, em agosto.

"A correção em si pode não ser tão importante assim se os advogados dos queixosos já souberem de alguma sujeira da Monsanto", disse Thomas G. Rohback, advogado sem envolvimento com o processo do Roundup. "O que é mais revelador é a natureza e a extensão do envolvimento, e a razão para a distorção na declaração."

'Não foi significativa'

A correção feita pela revista "Critical Reviews in Toxicology", que analisa riscos de produtos químicos à saúde, pode reforçar os argumentos de que a Monsanto escreveu resenhas sem se identificar a respeito da segurança dos produtos e servir de argumento às vítimas do Round Up.

O porta-voz da Monsanto, Sam Murphy, escreveu por e-mail que os artigos em questão representam "uma pequena parte de um extenso conjunto de pesquisas" que mostra que os herbicidas à base de glifosato são seguros. A influência da empresa nos artigos "não foi significativa", limitando-se à oferta de assistência para formatação e a um resumo do histórico regulatório, disse Murphy. "As conclusões científicas são dos autores, e apenas dos autores."

A Monsanto defendeu a independência da resenha de 2016 e a revista não está mudando as conclusões científicas dos artigos. Mas a editora da revista anunciou que emitirá uma "Manifestação de Preocupação" relacionada aos artigos porque os autores "não conseguiram fornecer uma explicação adequada para o motivo pelo qual o nível de transparência exigido não foi alcançado na primeira apresentação".

A correção é motivada pela exigência da revista de revelar qualquer possível conflito entre autores. A declaração inicial de divulgação indicou que o envolvimento da Monsanto estava limitado a pagar uma consultoria para desenvolver o suplemento da revista intitulado "An Independent Review of the Carcinogenic Potential of Glyphosate". E afirmou que nenhum funcionário ou advogado da Monsanto revisou trabalhos apresentados à revista.

No entanto, e-mails internos apresentados nas ações revelaram que os cientistas da Monsanto estavam fortemente envolvidos na organização, na revisão e na edição de versões de artigos.

A "Critical Reviews in Toxicology" fechou acordo com os autores para que corrigissem declarações de divulgação de três artigos do suplemento, disse Elaine Devine, porta-voz da revista, por e-mail. Ela disse que os autores não chegaram a um acordo a respeito do prazo para a divulgação de outros dois artigos.